terça-feira, 31 de agosto de 2010

Infoclima de Agosto e previsão climática Set, out, nov.

O 17
20 DE AGOSTO DE 2010
NÚMERO 8


FENÔMENO LA NIÑA SE CONFIGURA NO PACÍFICO EQUATORIAL
O aumento das anomalias negativas de TSM na região do Pacífico Equatorial e a maior intensidade das chuvas na região da Indonésia já sinalizam o estabelecimento do fenômeno La Niña no final de julho e início de agosto de 2010. Os modelos dinâmicos de previsão climática apontam para a sua persistência pelo menos até o início do próximo ano.


Infoclima em PDF - Clique aqui



Sumário
Julho foi marcado por temperaturas acima da média e baixos valores de umidade relativa do ar, principalmente nos setores central e leste do Brasil. Embora já sejam esperados baixos valores de umidade relativa do ar neste período do ano, a situação foi intensificada pela presença de um escoamento anticiclônico anômalo sobre o centro-norte do País. Por estão razão, os focos de queimadas aumentaram 200% em comparação com o mês anterior e com o mesmo período de 2009. Apesar da predominância desta massa de ar quente e seco, a incursão de uma massa de ar frio de origem polar, no final da primeira quinzena de julho, causou acentuado declínio das temperaturas desde o Rio Grande do Sul até o Acre. Destacou-se a ocorrência de chuvas acima da média no leste da Bahia, que ainda causaram transtornos à população de algumas cidades e a atuação de sistemas frontais que causaram chuvas e rajadas de vento superiores a 100 km/h no nordeste do Rio Grande do Sul.


As anomalias negativas de Temperatura da Superfície do Mar (TSM), que estão associadas ao desenvolvimento do fenômeno La Niña na região do Pacífico Equatorial, aumentaram em área e magnitude em comparação com junho passado. Notou-se, também, a intensificação dos alísios de sudeste em torno da Linha de Data (180º) e sobre a região da Indonésia, o que também favoreceu o aumento da atividade convectiva sobre esta área. Esta configuração pode ter contribuído remotamente para a anomalia anticiclônica que se estabeleceu adjacente à costa leste da América do Sul, em baixos e altos níveis da atmosfera, mantendo, por sua vez, as temperaturas acima da média e a baixa umidade relativa do ar na maior parte do Brasil. Destacou-se, também, a diminuição da magnitude das anomalias positivas de TSM na região do Atlântico Tropical.


A previsão climática de consenso para o trimestre setembro, outubro e novembro de 2010 (SON/2010) indica maior probabilidade de chuvas acima da média no extremo norte da Região Norte e abaixo da média na Região Sul, especialmente no Rio Grande do Sul. Nas demais áreas, fica mantida a previsão de chuvas em torno da média histórica, ressaltando-se o declínio climatológico das chuvas no leste do Nordeste no início deste trimestre. As temperaturas estão previstas na categoria acima da normal climatológica no setor central do Brasil, que inclui o centro-sul da Região Norte, o norte da Região Centro-Oeste e a maior parte do Nordeste. Nas demais áreas, estão sendo previstos valores em torno da normal climatológica.

1- Sistemas Meteorológicos e Ocorrências Significativas no Brasil em Julho de 2010
Em julho, destacou-se a diminuição das chuvas no nordeste da Região Nordeste e o aumento das chuvas no leste da Bahia, com destaque para o valor acumulado em Salvador-BA, no período de 01 a 04, que atingiu 216,1 mm e causou transtornos à população, sendo a climatologia igual a 203,6 mm. A atuação de sistemas frontais também contribuiu para a ocorrência de chuvas acima da média e ventos mais intensos em São Paulo e no Rio Grande do Sul, com destaque para as rajadas registradas em Canela e Gramado, que atingiram 124 km/h. As chuvas também ocorreram acima da média no nordeste do Amazonas, noroeste e nordeste do Pará, em Roraima e no norte do Amapá. Por outro lado, a anomalia anticiclônica que predominou sobre o setor central e nordeste da América do Sul, desde a superfície até os níveis mais altos da atmosfera, contribuiu para os baixos valores de umidade relativa do ar, inferiores a 15%, registrados no interior do País. As temperaturas apresentaram-se acima da média na maior parte do Brasil, porém a incursão de um sistema frontal no final da primeira quinzena de julho declinou as temperaturas principalmente na Região Sul, no oeste da Região Centro-Oeste e no sul da Região Norte. No sul do Paraná, a temperatura mínima registrada em General Carneiro foi igual a -5ºC no dia 15, seguida por Cambará do Sul, no nordeste do Rio Grande do Sul, que registrou -4,9ºC.

2- Avaliação das Queimadas em Julho de 2009 e Tendência para o trimestre Setembro, Outubro e Novembro (SON)
A temporada de queimadas mais intensas iniciou com a ocorrência de 9.400 focos detectados no País, pelo satélite NOAA-15, no decorrer do mês de julho. Este número ficou 200% acima do valor observado em junho passado. Embora este período do ano costume ser de estiagem no setor central do Brasil, houve um aumento de 200% das queimadas em comparação com o mesmo período de 2009, especialmente nas Regiões Norte e Centro-Oeste. Os maiores aumentos ocorreram no Piauí (590%, com 571 focos), na Bahia (475%, com 480 focos), em Rondônia (440%, com 237 focos), no Pará (370%, com 940 focos) e no Tocantins (350%,com 1.925 focos). Comparando-se aos focos esperados do ponto de vista climatológico, houve diminuição no Pará, em Rondônia e no Mato Grosso, onde se observaram 2.230 focos, porém, no sudoeste do Tocantins e em Goiás, notou-se o aumento de novos pontos de queimadas. No restante da América do Sul, as queimadas foram mais acentuadas no Paraguai, Bolívia e Argentina. No período de 01 a 19 de agosto, o número de focos chegou a 13.400 em todo o Brasil, contra 5.500 no mesmo período de 2009, porém este valor ainda é inferior a média esperada para todo o mês de agosto, que é de aproximadamente 31 mil focos.


Climatologicamente, as maiores ocorrências de queimadas são esperadas nas Regiões Norte e Nordeste no decorrer do trimestre SON. No mês de setembro, em particular, as ocorrências são mais significativas na Amazônia brasileira, com destaque paro os Estados do Tocantins, Rondônia, Mato Grosso e Pará, porém com uma redução gradual a partir de outubro. Em função da previsão de chuvas acima da média no norte da Região Norte, há tendência de redução das queimadas no norte do Pará e em Roraima. No Nordeste, os dois últimos meses deste trimestre costumam ter maiores ocorrências. Nos demais países da América do Sul, as queimadas tendem a diminuir na Bolívia, Paraguai e no norte da Argentina. Na América do Sul, a média de focos esperada para todo o trimestre SON é de aproximadamente 40.000 focos.

Figura 1 - Focos de queimadas detectados em julho de 2010, pelo satélite NOAA-15.

3- Previsão Climática para o Trimestre Setembro, Outubro e Novembro (SON)  / 2010
As previsões dos totais pluviométricos e temperatura média para o período de setembro a novembro de 2010 são apresentadas na tabela abaixo. A figura abaixo mostra a previsão de consenso em tercis para a pluviometria do trimestre SON/2010.
Região
Previsão

Figura 2 - Previsão probabilística (em tercis) de consenso do total de chuvas no período de setembro a novembro de 2010.
Chuva - acima da normal climatológica no extremo norte da Região. Nas demais áreas, a previsão é de chuvas próximas aos valores climatológicos. 
Temperatura - acima da normal climatológica no centro-sul da Região.
Chuva - em torno da normal climatológica. Ressalta-se a diminuição climatológica das chuvas no início deste trimestre.
Temperatura - acima da normal climatológica.
Chuva - em torno da normal climatológica.
Temperatura - acima da normal climatológica no norte da Região.
Chuva - em torno da normal climatológica. 
Temperatura - em torno da normal climatológica.
Chuva - variando de normal a abaixo da normal climatológica no centro-norte da Região, com maior probabilidade de valores abaixo da normal no Rio Grande do Sul. 
Temperatura - em torno da normal climatológica.



FONTE: CPTEC/INPE

Nenhum comentário:

Postar um comentário