quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

2000 a 2009 - Década mais quente e ano mais quento no H.S.

Estudos da NASA estão indicando que o período entre 2000 a 2009 foi a mais quente desde 1880 quando foram desenvolvidos os primeiros equipamentos utilizados para medição de temperatura.

O mais interessante é observarmos a tendência do aumento da temperatura e não apenas comparar com o valor médio, pois há variabilidades climáticas que irão interferir nos resultados médios, como por exemplo, El Niño e La Niña.

Figura 1 - Anomalia de temperatura (oC) de 1880 a 2009 (Vermelho -Hemisfério Norte; Azul - Hemisfério Sul) - Fonte (NASA/GISS)

Já no Hemisfério Sul (H.S) 2009 foi o ano mais quente das história das medições. Apesar disso, o aumento foi de 0,4oC acima do antigo "recorde" de temperatura mais alta.

Bom, este ano poderemos ter as temperaturas mais altas do Hemisfério Sul novamente, pois tivemos temperaturas mais quentes sobre o Continente, apesar do efeito do La Niña poder amenizar, outras regiões do H.S além do Brasil apresentam temperaturas muito altas, como a Austrália.

Vamos aguardar o inverno 2010 no H.S. para termos idéia de como ficará a média.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Cientistas procuram um novo modelo para o IPCC [Notícia]

Cientistas procuram uma nova metodologia para o IPCC
 
Cientistas procuram um novo modelo para o IPCC: Falhas que abalaram a credibilidade do painel perante a opinião pública levam a novas propostas. Um fluxo contínuo de pequenos erros está pondo em evidência o que cientistas chamam de “o elo mais fraco” na série de relatórios da ONU sobre o aquecimento global.
 
As falhas – e a erosão que elas vêm causando na confiança do público – estão fazendo com que alguns cientistas peça, mudanças drásticas em como os próximos relatórios serão elaborados. Uma manifestação pela reforma está sendo publicado na edição desta semana da revista científica Nature, e se soma ao clamor crescente pela renúncia do presidente do painel Intergovernamental para a Mudança climática, o IPCC. Reportagem da Associated Press.
 
O trabalho do IPCC costuma ser descrito como um único tratado maciço, mas na verdade é composto por quatro relatórios separados, escritos em momentos diferentes e por diferentes equipes de cientistas.
 
Nenhum erro foi evidenciado até agora no primeiro e mais conhecido dos relatórios, que afirma que a causa humana do aquecimento da atmosfera e da elevação do nível do mar é inegável. Até agora, quatro erros foram detectados no segundo relatório, que tenta explicar as consequências práticas do aquecimento da Terra.
 
“Muito do material lá simplesmente não era muito bom”, disse Kevin Trenberth, chefe do Centro nacional de pesquisa Atmosférica e principal responsável pelo primeiro relatório. “Um problema crônico é que toda a área de impactos, entrando no campo da ciência social, é uma ciência mais leve. Os fatos não são tão bons”.
 
Esta tem sido uma temporada desoladora para os cientistas do clima, depois do auge atingido em 2007, com a conquista do Prêmio Nobel da Paz.
 
Em novembro, o vazamento de e-mails particulares do centro de estudos do clima de uma universidade britânica embaraçou diversos cientistas, ao expor manobras para isolar céticos do aquecimento global. Em dezembro, a cúpula de líderes mundiais em Copenhague, na Dinamarca, falhou em estabelecer metas para o corte de emissões dos gases do efeito estufa. E, mais recentemente, uma série de erros foi encontrada no segundo relatório de 2007.
 
Esse segundo texto, que examina os efeitos atuais do aquecimento global e prevê efeitos futuros para povos, plantas, animais e a sociedade, às vezes se baseia em dados fornecidos por governos ou mesmo por ONGs, e não em pesquisas científicas que passaram por revisão pelos pares.
 
Nove especialistas ouvidos pela Associated Press disseram que o segundo relatório – por conta da natureza dos temas que examina – não se apoia em padrões tão altos, ou em referências tão sólidas, quanto o primeiro. E citaram problemas de comunicação entre os autores dos diferentes relatórios como um complicador do processo de revisão e correção.
 
Na Nature, quatro autores do IPCC pedem uma reforma do processo de elaboração dos relatórios, chegando a sugerir a substituição do painel por um esforço nos moldes da Wikipedia. Outro autor, também na Nature, diz que as regras atuais do IPCC são boas, mas seu cumprimento precisa ser melhor fiscalizado.
 
Em resposta, Chris Field, da Universidade Stanford e o novo líder da equipe que elaborará a próxima versão do segundo relatório, disse que acolhe a vigilância e a imposição mais dura das regras sobre checagem de dados para a eliminação de erros. A próxima rodada de avaliações do IPCC tem início marcado para 2013.
 
Reportagem da Associated Press - Reprodução do jornal O Estadao.
Link da reportagem

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O Frio em Washington e o Calor no Brasil

Tenho escutado diversos alunos, pesquisadores, professores, e curiosos comentando (e outros até afirmando) que o Aquecimento Global foi de fato desmitificado por causa do frio que vem fazendo em grande parte do Hemisfério Norte.

Meus leitores, o aquecimento global existe, pois observa-se que as temperaturas médias estão mais altas sim, mas ele não é contínuo nem muito menos homogêneo. Não está sempre crescendo, mas na média o resultado será de tendência crescente, e não acontece em todos os pontos do globo ao mesmo tempo.

Mas o que está acontedendo atualmente? Diversas pesquisas deverão surgir e com certeza, outras diversas relacionando o homem ao fato atual. Bom, não quero entrar nesta discussão agora, pois precisa-se ler as pesquisas e verificar os métodos elaborados.

O que de fato pode-se observar é que são eventos extremos, e que podem estar relacionados a variabilidades climáticas (ou até mudanças climáticas) que estão se tornando mais frequentes, seja por causa natural ou antrópica.
As chuvas em São Paulo, por exemplo, os registros mostraram que não foi o Janeiro mais chuvoso da história, mas com certeza foi o que causou maiores danos a população, haja vista a dinâmica do espaço urbano na região. E além disso, a natureza teima em não saber quando é que janeiro termina ou inicia, ou seja, utilizar meses não é uma alternativa muito boa em alguns casos. Em São Paulo a sequência de dias chuvosos é que foi considerável, ou seja, chovia bastante desde dezembro. Sem parar um dia sequer (parou ontem).

Parte do Brasil com temperaturas exorbitantes e EUA com um frio intenso. Extremos que pevidenciam a tentativa da Terra em buscar o seu equilíbrio natural. Se está muito quente em um lado, tem-se que resfriar em outro. Não é pra ficar quente em todo o globo.
Em 2009 tivemos um inverno rigoroso durante alguns períodos na Sul da América do Sul, enquanto Europa enfrentou ondas de calor assustadoras. Mas na média 2009 ficou muito quente (questão para conversar depois).
Reflitam sobre isto.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Ligação entre a seca na Austrália e Neve na Antartica [Tradução]

Foi publicado na revista Nature Geoscience um artigo de Dr Tas van Ommen  e Vin Morgan que procura relacionar a atual seca na parte sudoeste da Austrália Ocidental com as nevacas que vem ocorrendo no oeste de Antártica. Este artigo evidencia as conexões que existem em nosso sistema atmosférico. Não é de hoje que estudo e procuro conversar com meus alunos sobre estas ligações. Um exemplo claro é o famoso El Niño e por conta dele que eu procuro traduzir parte deste artigo aqui. Para mostrar que não é só ele.

O autor analisou núcleos de gelo de 750 anos de idade de Law Dome na Antártica Oriental. Os resultados mostram que quando ocorre um aumento de umidade no leste da Antártica com aumento de neve, ocorre uma diminuição de umidade no sudoeste da Austrália Ocidental (Figura 1).

Desde a década de 1960 houve um declínio de 15-20% das chuvas de inverno no sudoeste da Austrália Ocidental, e ao mesmo tempo, tem havido um aumento de 10% na queda de neve em Low Dome, indicando uma mudança nos padrões de circulação atmosférica no sul da Austrália. Os autores observaram que nas útlimas três décacas, que tem aumentado a persistência de sistemas de alta e baixa pressão nas proximidades do sul da Austrália, transportando ar mais quente e úmido do sul em direção a costa da Antártica e ar mais seco e frio durante o inverno.

Segundo os autores, este fato não parece estar na faixa de variabilidade natural, pois não observaram isto tão claramente nos núcleos de gelo em uma escala temporal tão pequana. Eles observaram que um evento com aumento de neve em Low Dome só poderia ocorrer a cada 38.000 anos sem alguma mudança nos padrões do clima, e dada a correlação com a Austrália Ocidental, o que sugere é que a seca também não é um acontecimento natural.

Por fim, os autores acreditam que a mudança no padrão do clima pode ser devido a mudanças induzidas pelo homem na atmosfera, a partir de reduções de ozônio e o aumento dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera.

Bom o que podemos esperar e que novas pesquisas tragam mais respostas a esta que pode ser uma célula de circulação  meridional extratropical ainda desconhecida (como a configuração da célula de Walker) ou de fato um novo padrão climático.