segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Balanço Hídrico de Gaussen e Thornthwaite e Matter [Série Textos Didáticos]

Recentemente uma aluna de Licenciatura em Geografia sugeriu que eu abordasse sobre como realizar um balanço hídrico climatológico, pois muitos colegas dela não sabiam fazer.

O mais interessante neste tema, é que muitos não enxergam nem a necessidade de se realizar um balanço hídrico climatológico. Pois bem, de fato a vida urbana, em especial a de metrópoles, não nos deixa observar que serviços essenciais para a nossa vida, como alimentação, necessitam de especificidades climáticas  para que determinada cultura agrícola se desenvolva; ou mesmo nossa saúde, moradia, atividades de lazer, transportes, moradia, e por ai em diante.

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Resumidademente pode-se dizer que os sistemas de classificações climáticas (SCC) são de grande importância, pois através deles é possível anasliar e definir climas das diferentes regiões levando em consideração vários elementos climáticos ao mesmo tempo, facilitando a troca de informações e análises posteriores para diferentes objetivos.

Segundo Sentelha, a classificação climática objetiva caracterizar em uma grande área ou região zonas comcaracterísticas climáticas homogêneas. A classificação do clima também pode ser feita paralocalidades específicas, levando-se em conta tanto as características da paisagem natural(vegetação zonal), baseando-se no fato da vegetação ser um integrador dos estímulos doambiente, como também os índices climáticos (baseados nas normais climatológicas).

Sugiro a leitura do artigo científico abaixo:

Que compara dois métodos de classificação climática e a importância da evolução conceitual.

Um dos grandes problemas de se usar o balanço climatológico de Thornthwaite e Matter (1955) pela geografia é que este apresenta alguns cálculos matemáticos, que afugentam os alunos, mas quando os mesmos aceitam o desafio de realizá-lo com as equações, observam que é mais simples do que as primeiras impressões que equações passam. Tanto é que depois de alguns passos, o balanço começa a ser preenchido quase que como "mágica" sem resolver as equações até o final.

Há diversos artigos científicos que abordam este assunto, e é possível encontrá-los no Scielo (procurem por balanço hídrico), principalmente em períodicos de Agrometeorologia e Climatologia

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Texto retirado do artigo sugerido acima
Onde obter o Balanço Hídrico Climatológico e algumas considerações



Em princípio a proposta de Thornthwaite e Mather (1955) parece ser mais complicada, principalmente para aqueles não muito afeitos a área de exatas, contudo, já existem na internet programas que realizam os procedimentos do balanço hídrico climatológico bastando apenas conhecer a temperatura e as chuvas do local (também necessários para elaboração do Climograma de Gaussen). No sítio encontra-se disponível o balanço hídrico para 500 localidades do Brasil, desse total 268 localidades representam municípios do Estado de São Paulo. Caso queria obter o balanço hídrico climatológico para uma localidade não disponível no sítio acima basta substituir os valores de temperatura, precipitação e latitude do local que será automaticamente realizado todos os cálculos e gráficos, possibilitando a análise dos períodos secos e úmidos.
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O livro de Meteorologia e Climatologia de Varejão-Silva (2008) apreenta um roteiro para o cálculo do Banlanço Hídrico Climatológico bem completo.

A insustentabilidade do Desenvolvimento Sustentável – COP15 e seu sucesso [Série: Mudanças Climáticas Globais]

Agora que a COP15 acabou podemos argumentar e projetar futuras ações socioambientais para a nossa e as futuras gerações.



Tenho escutado muito que a Conferência das Partes deste ano falhou. Bom, eu costumo enxergar sempre pelo lado positivo, realmente sou bem positivista. Na verdade, para mim, a reunião avançou, e avançou significativamente.



Nós devemos esperar que o capitalismo de fato busque uma compatibilidade do desenvolvimento econômico com o desenvolvimento humano e qualidade ambiental?

A definição de Desenvolvimento Sustentável (DS) na teoria é linda, mas na prática já começou errada.



Desde 1987 quando no relatório “Nosso Futuro Comum” (Brundtlando), que o termo Desenvolvimento Sustentável tem estado mais presente na sociedade atual (vale lembrar que a definição de desenvolvimento sustentável não foi originada neste relatório, mas sim adaptada chegando a conhecida atualmente). De fato, o desenvolvimento sustentável preconiza que as sociedades atendam às suas necessidades humanas em dois sentidos: aumentando o potencial de produção e assegurando a todos as mesmas oportunidades (gerações presentes e futuras), não sendo um estado de equilíbrio, mas sim:



“um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e às aspirações humanas" (WCED, 1991, p.49)



O esqueleto da Agenda 21 apregoa que DS é:



"... tipo de desenvolvimento capaz de manter o progresso humano não apenas em alguns lugares e por alguns anos, mas em todo o planeta e até um futuro longínquo. Assim, o "desenvolvimento sustentável" é um objetivo a ser alcançado não só pelas nações ‘em desenvolvimento’, mas também pelas industrializadas.



"... atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos chaves: i) o conceito de ‘necessidades’, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade e: ii) "a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõem ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras.



"Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas” (Tayrá, F.2008)





Então o que deu errado na COP15?



É óbvio que não devemos esperar que os governantes de países extremamente capitalistas adotem de maneira clara e sensitiva o DS, porque eles não enxergam lucros financeiros advindos das definições acima supracitadas. De fato, a essência do capitalismo é o lucro, e o lucro acima de tudo.



Se lermos criticamente as definições acima, claramente podemos observar que elas tem contexto capitalista.



Mas o que deu certo então?



Bom, se não devemos esperar dos governantes, então comecemos a agir como sociedade que se preocupa com a Sociedade. Grandes mobilizações que implicam em mudanças significativas na sociedade têm suas gêneses na própria sociedade, daí o nome Movimentos Sociais.



Precisamos cada vez mais nos mobilizar para que a essência capitalista enxergue que se os serviços oferecidos não atenderem as nossas vontades iremos procurar outro fornecedor. Então iremos revidá-los com a própria moeda. Estamos dando a “César o que é de César”.



Vamos valorizar os produtos ambientalmente corretos, vamos priorizá-los na aquisição dos mesmos, vamos mostrar as empresas que não se preocupam com o meio ambiente que elas podem perder dinheiro (clientes) se não aderirem o lucro não virá.



Então para a COP15 dar certo, vamos nos mobilizar socialmente cada vez mais. Façam cada qual a sua parte.



segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O dia de Santa Luzia e a Chuva no Sertão [Série Contos Climatológicos]

Ontem, 13 de Dezembro foi comemorado o dia de Santa Luzia. Mas o que esta santa tem a ver com climatologia? ]

Não é de hoje que a fé está relacionada com o tempo e o clima. Afinal, meteorologia é a ciência que estuda os fenômenos físicos da atmosfera, ou seja, enxergando de maneira mais "popular", os fenômenos que ocorrem no Céu, que é a morada de muitos Deuses, independente do Credo. Aliás, estendendo para o lado da religião, já observaram porque o Céu é para os benfeitores e a profundidade da Terra (inferno) para os maus? (pensamento no final do texto).

Voltando a Santa Luzia... Dentre os aspectos físicos da geografia do Nordeste, o clima é sem dúvida o que mais pressiona o homem nordestino, desencadeando certa pressão  psicológica sempre que está próxima da estação chuvosa, ou o inverno para os sertanejos. Afinal, um inverno demorado ou mais fraco, resultará em adversidades sócioeconômicas.

Então porque não procurar entender o que Deus irá enviar para estes moradores? É deste modo que a Santa Luzia (que é a santa que projeto os olhos) está relacionada com o Clima. É a santa que tem "olhos muito bons", que pode enxergar além do horizonte...

Para alguns  sertanejos este dia é muita vezes o mais importante do ano. É adotado como referência para o início do período chuvoso, ou do inverno, para o sertão.
Se chover no dia 13 de dezembro (dia da Santa), o inverno começará em janeiro do próximo ano, se chover no dia 14 de dezembro, o inverno começará em fevereiro do próximo ano, se a primeira chuva for em 15 de dezembro, inverno em março, e assim por diante, até o dia 25 de dezembro (Natal) que se a previsão estiver correta, só choverá em dezembro do próximo ano. Imaginem a pressão psicológica até cair de fato a primeira gota de água, mesmo que a previsão esteja errada!

As imagens do Climate Prediction Center poderão nos informar como será a estação chuvosa em 2010.
Na Figura ao lado temos a precipitação, mas do dia 12 de dezembro (hoje será processada a do dia 13, depois eu posto). Mesmo no dia 12 é possível enxergar que na porção mais oeste já ocorreu chuva. Já abaixo vemos as condições sinóticas do dia 13 de dezembro as 12:00 UTC do Inmet. Mas estes dados se referem as coletas entre o dia 12 de dezembro às 09:00 hs até o dia 13 de dezembro às 09:00 hs. 
Bom, mas para a previsão popular ou de fé, é melhor esperar os dados do dia 13 mesmo.


 

 E a ligação entre a fé e a ciência? É de fato, quando procura se analisar o conhecimento popular e ligá-lo ao conhecimento científico, ao invés de ignorá-lo ou melhor menosprezá-lo, vemos que alguns destes conhecimentos tem certa razão. Afinal, quando é que a massa continental equatorial se expande de oeste para leste na Amazônia, alcançando a porção oeste do Nordeste em meados de dezembro em anos normais...


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Links
Precipitação diária pelo CPC


Condições sinóticas do Inmet

Pensamento: Céu no céu e inferno nas profundidades da Terra: A atmosfera não tem visíveis na porção superior, ou seja, é livre. Então quem vai para o céu terá liberdade. Já quem vai para o inferno, fica aprisionado, ou seja, perde a sua liberdade... Esta é minha visão e sou Católico.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

As verdades e "inverdades" das Mudanças Climáticas [Série Mudanças Climáticas Globais]

É notório o quão se comenta sobre diversos desastres naturais ao logo de todo o Globo e buscam relacionar as mudanças climáticas atuais.
De fato, precisa estar claro que Mudanças Climáticas ocorrem de maneira natural, sem a interferência do homem. Já foi assim no passado e será assim no futuro (este tema será discutido posteriormente).

Entre o catastrofismo e as possibilidades reais pode-se destacar as seguintes certezas e incertezas:

1. Gases de efeito estufa: A existência de certos tipos de gases na atmosfera, entre eles o CO2, impede que parte da energia solar de radiação de ondas curtas (emitida pelo Sol)  seja dissipada na forma de radiação infravermelha (ondas longas) emitida pela superfície da Terra. Este é o processo de formação do Efeito Estufa. Quanto maior a concentração de gases de efeito estufa, mais intenso será o aprisionamento da radiação infravermelha, e consequentemente, maior a temperatura. Isto é fato e certo, faz parte do Balanço de Radiação, e nínguem tem dúvida. Por exemplo, Vênus tem em sua atmosfera aproximadamente 96% de CO2 em sua composição, e a temperatura na superfície chega a 480oC.
Agora nesta discussão sempre surge algumas "inverdades".

- O efeito estufa é ruim para o homem:  este é um grande erro, mas mais comum do que se imagina. Na verdade o efeito estufa é responsável por manter a temperatura da Terra em torno de 15o C, favorecendo a vida neste nosso planeta. O que de fato é maléfico é o aumento do efeito estufa, que pode sim aumentar as temperaturas, mas não o efeito estufa em si.
- O principal gás de efeito estufa é o CO2.: Outro grande erro, o principal gás de efeito estufa é o Vapor d'água. Mas porque se fala tanto no CO2? Bom, é que este gás tem um tempo de vida muito grande na atmosfera comparado com o H2O e o CH4, por exemplo. Então o CO2 emitido pelo homem poderá permanecer na atmosfera por aproximadamente 200 anos, enquanto o H2O o ciclo temporal de emissão-retorno (em forma de chuva) é muito rápido, comparativamente insignificante. Ou seja, o CO2 passa a ser o vilão do aumento do efeito estufa quando separado entre os gases naturais e os emitidos pelo homem (não que o H2O não possa ser emitido pelo homem, vejam o exemplo dos açudes no Nordeste do Brasil). Este tema será discutido posteriormente, até para mostrar o papel contrário do H2O no balanço de radiação.
- Revolução Industrial e aumento de CO2: é fato que a concentração deste gás tem aumentado desde a Revolução Industrial rapidamente. Agora é importante dizer que estudos recentes tentam mostrar que em eras geológicas a concentração foi maior do que atualmente. Mas neste caso o que é importante saber é que na nossa era, o aumento está ocorrendo rapidamente, e de fato queimar combustíveis fósseis irá liberar o CO2 para a atmosfera, por exemplo.
- A temperatura média da minha cidade sobe um ano e desce outro: as temperaturas oscilam desta maneira mesmo, não é muito sábio comparar ano a ano para buscar evidência de alteração climática, mas sim fazer uma análise com uma serie histórica e verificar a tendência utilizando métodos estatísticos que possam explicar esta variabilidade. Os resultados vem mostrando que mesmo com oscilações ano a ano, os dados de temperatura tem mostrando tendência de aumento, de fato. Agora não é um aumento contínuo, mas sim em termos médios históricos (período de tempo mais longo).

Na próxima postagem  continuaremos a discussão com pesquisas que mostram quase certezas

OBS.: a palavra inverdade está entre aspas porque não consegui encontrá-la nos dicionários que tenho em mãos, mas é um termo que vem sendo muito utilizado na mídia atualmente, então deve fazer parte do dinamismo da língua portuguesa...

sábado, 5 de dezembro de 2009

Primeira Postagem

Prezados leitores, hoje 05 de dezembro de 2009, estou iniciando a atividade de "blogueiro" na internet.
A idéia surgiu para compartilhar as informações que venho lendo rotineiramente sobre clima, já que é a minha área de pesquisa e de trabalho.
Procurarei abordar as variabilidades climáticas e a discussão sobre as mudanças climáticas que estão na atualidade.
Claro, informações sobre previsões climáticas de curto a grande prazo, algumas histórias e outras curiosidades também estarão disoníveis para vocês.

Sejam bem vindos.

Prof. Ranyére Nóbrega