terça-feira, 26 de outubro de 2010

Um monstro nos Grandes Lagos

Uma tempestade de proporções históricas atingirá nesta terça-feira a região dos Grandes Lagos e o Meio-Oeste dos Estados Unidos com vento extremo, temporais severos e até neve com acumulação em alguns pontos. A pressão vai despencar para níveis jamais vistos em algumas localidades à medida que um ciclone violento se aprofunda na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá.

Células de tormenta com vento intenso generalizado e possivelmente até tornados devem se aproximar do Lago Michigan nesta manhã de terça-feira, afetando cidades como Chicago e Milwaukee. No decorrer do dia, as condições de tempo severo se espalham pelo Vale do Tennessee, castigando Detroit, Indianápolis, Cleveland e Cincinnati. Alguns pontos devem ter vento com intensidade de um furacão. A ventania deve gerar uma condição extrema de navegabilidade nos grandes lagos com ondas absurdamente altas. Boletim do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NWS) sugere ondas de até 6 metros para o Lago Michigan e, pasme, ondas perto de 10 metros no Lago Superior, na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá.
A megatempestade no Norte e Meio-Oeste dos Estados Unidos está associada a um ciclone poderoso e incomum que tem potencial para ser o segundo mais violento já registrado na região. O Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos, com base na projeção dos modelos de que este sistema pode atingir pressão mínima de apenas 959 hPa sobre os Grandes Lagos emitiu um boletim (abaixo) contextualizando esta tempestade sob uma perspectiva histórica, colocando-a apenas atrás da Grande Nevasca de Ohio de janeiro de 1978, quando a pressão atmosférica despencou a 950 hPa.
  
O ciclone desta semana pode superar no ranking de baixa pressão atmosférica a Tempestade dos Grandes Lagos de 1913 que teve 968 hPa. Conhecida como "Furacão Branco", esta tormenta de inverno se deu entre os dias 7 de novembro e 10 de novembro de 1913. A nevasca com vento apresentando força de furacão devastou a região dos Grandes Lagos e parte do Meio-Oeste americano e da província canadense de Ontário. Foi o maior desastre natural na história da região dos Grandes Lagos com mais de 250 mortos e 19 navios destruídos (jornal da época abaixo). O vento alcançou 145 km/h e as ondas nos lagos chegaram a 11 metros.
  
Este sistema de hoje tem potencial em intensidade para superar facilmente a famigerada tempestade de 1975 que afundou o navio Edmund Fitzgerald, a maior tragédia naval na região até hoje. O ciclone de 35 anos atrás teve pressão mínima de 980 hPa, valor muito acima do que é esperado para hoje. O SS Edmund Fitzgerald tinha 220 metros de comprimento e afundou em águas canadenses do Lago Superior em 10 de novembro de 1975 durante a tempestade daquele dia.
  
A embarcação afundou sem enviar qualquer mensagem de emergência. Sua tripulação de 29 homens foi toda perdida e os corpos jamais encontrados. Quando os restos do navio foram encontrados, a embarcação estava partida em dois. O naufrágio do SS Edmund Fitzgerald é até hoje o maior desastre na navegação dos Grandes Lagos e à época recebeu enorme cobertura dos jornais.
A tempestade de hoje já está sendo chamada pela mídia local de "O ciclone dos Grandes Lagos". De acordo com o meteorologista do NWS Jim Allsop, "será um dos ciclones mais intensos dos últimos cem anos". Em anos de La Niña as tempestades mais fortes tendem a passar pelo Canadá, o Oeste americano e o Norte dos Estados Unidos devido à mudança de posicionamento da corrente de jato da América do Norte.

Autor: Alexandre Amaral de Aguiar - Portal Metsul

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