quarta-feira, 29 de setembro de 2010

La Niña castiga a América Latina com temporais, mortes e prejuízos


Deslizamentos de terra mortais no México e na Colômbia, inundações intermináveis no norte da América Latina, previsão de chuvas abaixo da média comprometendo a agropecuária no sul do Brasil… A região é castigada por uma intensa temporada de chuvas associadas ao fenômeno La Niña, que deixam centenas de mortos e bilhões de dólares em perdas.
Os estados do sul do México, América Central e norte da América do Sul têm sido castigados nas últimas semanas por fortes precipitações, após a passagem de várias tormentas e ciclones vinculados ao fenômeno climático La Niña.
O La Niña é um fenômeno inverso ao El Niño, e se caracteriza pela elevação das temperaturas na superfície do mar nas regiões central e oriental do Pacífico, que gera secas na região meridional da América do Sul e chuvas no Atlântico tropical, entre outras variações climáticas.
Por causa das chuvas persistentes, esta terça-feira um deslizamento soterrou centenas de residências no sudeste do México no povoado indígena de Santa Maria, no estado de Oaxaca, deixando um balanço provisório de sete mortos e 100 desaparecidos, embora as autoridades regionais tenham calculado que até mil pessoas podem ter sido soterradas.
Em meados de maio, as chuvas no México deixaram mais de 80 mortos, 800 mil desabrigados e perdas de cerca de 4 bilhões de dólares, segundo a Defesa Civil.
Também na Colômbia, 30 pessoas foram soterradas por um deslizamento que caiu, na segunda-feira, sobre uma estrada no departamento de Antioquia (noroeste).
A partir de outubro, “esperam-se muitas chuvas devido ao fenômeno La Niña no Pacífico equatorial, que as torna mais intensas e frequentes no território colombiano”, disse à AFP Daniel Useche, do estatal Instituto de Hidrologia, Meteorologia e Estudos Ambientais (Ideam).
As previsões do Ideam são que o La Niña se estenda até o primeiro trimestre de 2011.
O fenômeno causou, este ano, chuvas 30% maiores que as habituais na América Central. Em algumas regiões, como na fronteira entre Panamá e Costa Rica, as precipitações superaram os 3.000 mm.
Na Guatemala, no começo de setembro, dois deslizamentos soterraram vários veículos em uma estrada e vários camponeses que tentavam resgatar seus ocupantes, deixando 25 mortos e 15 desaparecidos sob a lama. Em outro deslizamento no mesmo fim de semana, 12 pessoas morreram soterradas em um ônibus.
Na América Central, o risco deve-se a que o solo de toda a região está encharcado por causa de uma temporada de chuvas – de maio a movembro – inusitadamente forte, que deixou 400 mortos, milhares de desabrigados e prejuízos de bilhões de dólares.
No domingo, o diretor do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o indiano Rajendra Pachauri, advertiu na Guatemala que o impacto do aquecimento na América Central será mais sério ainda que o já se sente na região, uma das mais vulneráveis do mundo para este fenômeno.
Na Venezuela, 18 pessoas morreram e outras tantas estão desaparecidas devido às fortes chuvas que castigam grande parte da região norte desde a sexta-feira e que mantêm em alerta as autoridades, diante dos muitos deslizamentos e cheias dos rios.
Entretanto, o La Niña trouxe seca para a Amazônia e fortes incêndios florestais para a Bolívia.
Um grande incêndio continua ardendo, sem controle, no departamento (estado) de Santa Cruz (sudeste), e já consumiu 27.000 hectares de uma importante reserva natural, no âmbito da pior seca do país em 30 anos.
O La Niña também ameaça trazer um período de seca aos países do cone sul e afetar os rendimentos da produção rural.
No sul do Brasil, bem como em Argentina, Paraguai e Uruguai, o fenômeno pode provocar chuvas abaixo da média para a primavera e verão austrais, afetando a produção agropecuária embora, segundo os especialistas, o déficit não vá alcançar a intensidade dos anos anteriores nos quais o “La Niña” atingiu a região. (Fonte: G1

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