sábado, 18 de dezembro de 2010

Câmera digital em balão meteorológico captou imagem da estratosfera

Após ler a notícia sobre o astrônomo amador americano Colin Rich, que conseguiu fotografar a estratosfera terrestre utilizando equipamentos digitais e um balão meteorológico, o brasileiro Marcos Altran resolveu criar o seu próprio experimento. Ao enviar três câmeras para o espaço no dia 15 de novembro deste ano, ele obteve cerca de 650 imagens, além de dois vídeos com uma hora de duração cada.

"Eu me interessei muito pelo que ele (o americano) fez", conta o técnico bioquímico de 44 anos que mora em Paulínia (SP), município localizado a cerca de 120 km da capital paulista. Decidido a fazer o mesmo, Marcos comprou pela internet um balão meteorológico de uma loja americana especializada em espaçomodelismo. "Para esse experimento utilizei o KCL-1200, que tem capacidade de elevar até 1 kg de carga para a estratosfera", diz.

Para que o balão atingisse a atitude desejada antes de explodir, Marcos calculou que deveria utilizar 3 m³ de gás hélio. "Gastei 1,2 m³ para elevar o balão, 0,80 m³ para elevar a carga (cápsula, paraquedas e cordas) e mais 1 m³ para promover a aceleração vertical necessária", explica. Ele conta que o balão chegou a atingir a altura máxima de 30 mil metros, "a fronteira do que é conhecido como espaço próximo".

O paraquedas compatível foi comprado na mesma loja. Para montar a cápsula, o técnico aproveitou uma caixa de isopor utilizada para o transporte de vacinas que suportaria a baixa temperatura que pode chegar a - 50°C. "Fiz os buracos para as lentes das câmeras e alguns calços internos para que elas ficassem firmes no lugar", conta. Depois ele lacrou a caixa com fita isolante de polietileno.

Duas das câmeras usadas foram compradas pela internet: uma Cannon A540, que registrou as fotos na posição horizontal, e uma A590, que realizou a filmagem na mesma posição. O terceiro equipamento, uma Sony DSCW100 (responsável por filmar verticalmente), foi emprestado pela irmã.

No entanto, a capacidade de carga das baterias era um fator limitante. "Tive que fazer uma estimativa de quando a câmera iria atingir uma altitude considerável para começar a filmar", diz. Com a utilização de um software, ele programou os equipamentos. "Programei as fotos para serem feitas uma a cada 20 segundos e a filmagem para iniciar depois de uma hora a partir do lançamento", conta.

Foram quase cinco meses de preparação. O projeto foi batizado de Svrevers. "Isso era uma brincadeira que a gente fazia em casa, quando criança, para inventar nomes esquisitos. Meu primo que saiu com esse", explica. Ao todo, Marcos gastou cerca de R$ 1,3 mil.

A cápsula foi lançada de Paulínia em um dia de céu claro por volta das 9h15. Marcos conta que obteve o primeiro sinal do GPS por volta das 14h do mesmo dia. Era sinal de que a caixa estaria novamente bem próxima do solo "já que depois de 2 km de altitude o sinal do GPS já se perde", explica.

A caixa caiu em um sítio na cidade de Camanducaia, no sul de Minas Gerais, a cerca de 130 km do ponto de lançamento. A distância percorrida de carro entre Paulínia e o município é de 280 km. Marcos resgatou o experimento no final da tarde. "Como ele caiu meio que em um colchão de folhas, as máquinas não sofreram danos. Apenas uma delas que teve o visor trincado", diz.

Marcos conta que ficou muito satisfeito com a experiência. "Emocionado até. A minha vontade era de estar lá em cima e poder ver a terra daquele ponto de vista espetacular!", diz. O técnico bioquímico afirma que pretende repetir o feito. "A minha intenção é fazer experiências com áudio. Colocar alguma música para ir tocando e ver como o som muda ou se propaga de maneira diferente àquela altitude", afirma.

O internauta Marcos Altran, de Paulínia (SP), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

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