quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

De quem foi a culpa dos desastres no Rio de Janeiro ?


Foi publicado na mídia nacional a notícia que o governador do Rio de Janeiro, o Sérgio Maia, responsabilizou o Inmet por previsão equivocada das chuvas durante o desastre na região serrana do Rio de Janeiro na semana passada.

Segundo o governador a previsão não foi clara quanto a intensidade das chuvas e que apesar do Inmet ter informado a Defesa Civil do estado sobre chuvas moderadas a forte, estas informações não são suficientes, pois praticamente todos os dias, nesta época do ano, ele recebe a mesma informação.

De fato, durante o verão austral, é comum os órgãos de meteorologia enviarem estes avisos para os estados do Sudeste, Centro-oeste e Norte ocidental durante praticamente todos os dias, pois climatologicamente, é o período de atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), principal sistema atmosférico causador de chuvas nestas regiões.

Quase todos os dias há sim previsão de temporais nestas localidades, mas não é possível o Inmet prever os impactos que irão ocorrer em uma determinada área. Até porque não é da competência (responsabilidade) deste órgão.

Primeiro, a competência do Inmet, como Instituto de Meteorologia (dentro das limitações do serviço de meteorologia no Brasil), bem como do Cptec, tem sido excepcionais. Por exemplo, hoje não há aviso para o Rio de Janeiro. Senhor governador, o céu deve estar claro lá, ou o senhor recebeu outro aviso? Creio que não. Os órgãos de meteorologia tem feito um excelente serviço, mas não podem resolver tudo.

Uma gestão de risco está muito além apenas da previsão do tempo (apesar das chuvas serem os principais causadores de desastres naturais do Brasil). São necessárias informações precisas e continuas de características geomorfológicas das regiões, do comportamento das chuvas sobre estas, da ocupação humana, do monitoramento hidrológico, etc. Isto para ter um certo grau de precisão, pois o dinamismo das ações do homem no espaço natural é rápido e de difícil monitoramento. Além disso, se não houve população morando em locais de risco, o número de vítimas seria bem menor (mas como fazer? Também não cabe ao Inmet responder).

"Nós tínhamos de ter em cada grande cidade do Brasil uma equipe de técnicos de nível técnico científico, de formação, com pós-graduação e especialização, que daria suporte técnico permanente para a Defesa Civil executar seu trabalho de prevenção e de emergência", opina Jurandyr Ross, professor de geomorfologia da Universidade de São Paulo (USP).

Mas a carreira desses profissionais vai para outro lado. "A maior parte das oportunidades que são criadas hoje nos últimos anos para profissionais especializados estão nas universidades. Em suma, falta onde trabalhar e tem muito trabalho a ser feito", acrescenta o professor de geomorfologia da USP, Jurandy Ross.

Afinal, quantos meteorologista, estudiosos do solo e da natureza há no governo do Rio? ou de São Paulo? ou de Pernambuco, Rondônia, Minas Gerais, etc.…?

Só conseguimos corrigir erros, quando admitimos que eles existem. Fica a mensagem final.

2 comentários:

  1. E é interessante ressaltar Prof., que todos os anos ocorrem desastres nestas mesmas cidades, e os governantes tomam apenas providências superficiais, ou seja, nunca investem em tecnologia e mão de obra qualificada para trabalhar na previsão e/ou precaução de grandes catástrofes como esta. Eles procuram os especialistas, fazem reuniões e planejamentos, entretanto, tudo fica somente na teoria.

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  2. Infelizmente todos os anos vemos catástrofes e mais catástrofes nas regiões brasileiras.

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