sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Deus é Brasileiro ?? Se for, tirou férias, pois o inferno "está" aqui

Quem mora ou já morou na região Amazônica e Centro-Oeste do Brasil sabe o que significa se aproximar da estação seca, no meio do ano. Período em que predomina a atuação da Massa Tropical Continental (MTc), que tem por característica altas temperaturas, baixa umidade e estabilidade atmosférica.
A Mtc deverá perder a intensidade nas próximas semanas, com o fim do inverno, mas desde o meio de julho até hoje, a sua intensidade aumentou consideravelmente, provocando um bloqueio atmosférico que impede a penetração da massa polar até o sudeste, centro-oeste e norte do Brasil.

Não arrisco dizer que há algum sistema anômalo sobre os Oceanos produzindo modificações nos padrões normais da circulação geral da atmosfera. Seria necessário um estudo mais detalhado. O que se sabe é que em anos de La Niña a massa polar se intensifica durante o inverno. Bom, como visto na imagem abaixo, que apresenta as anomalias de temperatura para o globo, temos um predomínio de temperaturas abaixo da média no Pacífico Leste. No entanto, ainda não vejo como afirmar que o La Niña está configurado. Saimos de um El Niño bem configurado nos últimos meses e entramos em um período que as TSM sobre o Pacífico resfriaram rapidamente, porque os ventos alísios estão mais intensos do que a média (quem mora em Recife tem observado os ventos mais intensos na cidade). Assim, há a tendência ao resfriamento das águas no Pacífico Leste.

Bom, resumindo, estamos em um período de Transição nos padrões atmosféricos, pois tínhamos um Nino configurado, agora temos um Nina tentando se configurar, e para complicar, estamos também em um período de transição com relação a distribuição de energia solar entre a Terra e o Sol, de fim de inverno para início de primavera no Hemisfério Sul. Períodos de transição sempre são complexos para a climatologia.

Partindo para os fatos, e voltando ao primeiro parágrafo. Tive a oportunidade de morar durante muito tempo na Amazônia, mais precisamente em Rondônia, e .... é muito difícil de suportar este período. Hospitais ficam lotados, trânsito perigoso, alimentação mais cara, lazer é praticamente impossível, problemas respiratórios constantes. Para ter idéia, vou contar uma história que ocorreu comigo e minha esposa quando estávamos retornando a Porto Velho em 2007, durante o mês de julho. Quando o avião pousou na capital do Estado, minha esposa se assombrou com o odor de fumaça na aeronave e pensou que estava pegando fogo. O cheiro era muito forte, dai eu disse a ela que deveria ser das queimadas que presenciamos durante o vôo, a atmosfera estava estável e o ar não conseguia dispersar. Dentro de casa a fumaça fica presente também, não adianta fechar as portas e janelas. 2007 não tivemos tantos focos de calor como agora.

De ontem para hoje (até as 07:30 hs) foram contabilizados 14.307 focos de calor no Brasil (Figura abaixo)
Os padrões climáticos favorecendo a proliferação do fogo na região, por conta da MTc está mais intensificada. 
Há pouco eu postei uma mensagem sobre o calor na Rússia e algumas características da circulação geral da atmosfera. No H.S também há modificações nestes padrões. Fica a pergunta: será que de fato estamos entrando em períodos de mudanças climáticas (independente de quem esteja causado)? Estamos preparados para tal? Ficaremos conhecidos como os que sabiam mas não fizeram nada?

A cada dia que passa tenho certeza que será cada vez mais perceptível a importância do clima para o homem. Assim era nos primórdios da humanidade, mas o homem urbano teima em ignorá-lo, desde que não atrapalhe seu lazer ou sua mobilidade urbana.Só lembra quando acontece fatos como este, e daí não há mais remediação.

Vejam algumas imagens destas queimadas ao longo do Brasil (Fonte:Metsul).
Caminho de fumaça da Amazônia para o sul do hemisfério
Índices de monóxido de carbono


Sumário de focos de calor no globo, no dia 21/08/2010




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